"Pe. Roberto Sabóia de Medeiros, quando a massa dos jesuítas se dedicavam
a ministérios tradicionais, em particular em missões populares, pregações, e nas salas de aula e pátios escolares, intuiu
a gravidade da questão social no Brasil e na defasagem educacional do "país dos bacharéis", muitos formados "em letras apagadas
e ciências ocultas", como se zombava então. Intuiu também a capacidade e responsabilidade do laicato para levar adiante missões
até então assumidas pelos religiosos. Assim criou uma Fundação, levada por leigos, para desenvolver uma faculdade de engenharia
industrial e uma escola superior de administração, ambas absolutamente pioneiras, dando bases à revolução industrial e comercial
paulista, bases onde estava bem presente a doutrina social da Igreja.
Uma meditação para cada dia do ano e mais uma de quebra constituem um legado
espiritual de primeira ordem, pois o Padre rezava a vida com seus problemas e complexidades, vida muito parecida à nossa,
numa sociedade fragmentada e, em muitos aspectos, vaidosa de ser pós-cristã.
Leiam este pedacinho: Embora as psicologias humanas sejam variadas, embora,
como dizia o Cardeal Newman, seja verdade: "o que é alimento para um é veneno para outro" - não se pode esquecer que o homem
é um todo.
Não é possível dividir um ser humano em duas partes: uma poderia correr à
rédea solta pelo mundo dos sentidos; outra estaria pairando incontaminada, furtando-se ao que fosse mais grave.
Como é firme a declaração de Jesus no Evangelho: "Mas eu vos digo que aquele
que olha concupiscentemente para uma mulher, já cometeu adultério no seu coração" (Mt 5,28).
A pureza não é uma mecânica abstração de certos atos! A pureza é um nível
dinâmico da pessoa, é a pessoa numa só direção de altura espiritual.
Os olhos são os embaixadores do coração e o coração já está todo nos olhos."
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